sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Como se despedir de uma mãe?

Não sei se vida é a categoria certa,quando o assunto é morte.Mas como a morte faz parte da vida...


Engraçado como desperdiçamos a oportunidade de expressármos nossos sentimentos,por esquecermos como a vida é banal.

De uma hora pra outra,ela se esvai.Nos pegando sempre de surpresa!

E quem pensa que um dia vai perder a mãe?

Mãe...

Ás vezes esquecemos que elas são tão frágeis quanto nós.

Tão acostumados com seus cuidados e proteção,imaginamos que são imortais.

São tão fortes e feroses a nos defenderem...

É a elas que chamamos na hora do desespero...são nossas heroínas.

Só agora que sou mãe,pude perceber,como dói no coração,a preocupação com a segurança e proteção dos filhos.

A mãe não sente apenas a dor do parto por ter o filho,a mãe sente dor pelo filho,sempre!

Se algo dói no filho,dói em dobro na mãe.

Mas ela é como uma rocha,não deixa a dor transparecer...

Fico pensando na dor das mães que são agredidas pelos próprios filhos,essa dor deve ser mais dolorida...nem quero imaginar.

Quanta felicidade desperdicei ao evitar minha mãe,na época da adolescência...

É a fase em que queremos provar a nós mesmos que sabemos nos virar sozinhos,mas é tudo ilusão!

A sorte é que elas sempre estão ali,nos olhando,à margem...nunca nos abandonam.

Algumas até abandonam ,mas como saber o que vai em seus corações?

Com certeza a dor de ser mãe,não desaparece com o abandono,mesmo que não perceba na hora,um dia essa dor vem mais intensa,e agravada pela culpa!

Não quero pensar nesse tipo de mãe...tô pensando na minha.

A minha não saí do meu pensamento,das minhas lembranças...

Mesmo depois que me casei,era ela quem vinha a minha casa,cuidar de mim,quando adoecia.

Me dava colo,media minha temperatura,me medicava e resmungava uma oração em melodia aos meus ouvidos,para que melhorasse.

Eu tinha tanto a lhe agradecer...

Sempre imaginamos que teremos tempo.

Como imaginar que uma mulher tão forte,tão saudável,iria partir?

_Mãe é pra sempre!(É o que pensamos).

Tantas vezes tive vontade de abraça-la e dizer o quanto a amava e precisava dela...Nunca fiz.

Sempre deixava pra amanhã,mas esse amanhã sempre era adiado.

Depois de trinta anos de casamento, uma desilusão...E começo a ver a minha heroína morrer aos poucos.

Como poderia continuar vivendo,alguém feito de amor e dedicação,depois de perceber que não podia mais acreditar no amor??

Ainda assim,eu não quis acreditar que era o fim...

Imaginava que a qualquer momento ,ela saíria daquele torpor,daria a volta por cima e voltaria a ser a mãe que eu tanto precisava.

Mas não foi assim.

Diante dos meus olhos,vi minha mãe em agonia...em desespero...assustada,morrer!

E enquanto ela morria,eu me enganava...

Não queria me convencer que ela estava partindo!

Eu não estava pronta.

Ela era nova ainda...51 anos.

Ainda hoje,quando a encontro no astral,em meus sonhos...não consigo dizer adeus.

E como poderia me despedir da minha mãe?

Acredito que nem a morte seja capaz de separar a mãe dos filhos.

Não sei como explicar,mas sinto dentro de mim,que ela ainda esta aqui...Já passaram-se dois anos,e quase posso ouvi-la.

Só lamento não tê-la mais aqui,pra poder dizer tudo que não foi dito,e abraça-la demoradamente.

A oportunidade perdida não volta!

SAUDADES ETERNAS,MÃE!

PERDOE-ME.




Nenhum comentário: